Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.
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terça-feira, 2 de junho de 2009

Ah Julião, Ah Clarice.



Não gosto de matemática, odeio física e tenho pouco apreço pela química. Por isso talvez, eu prestasse muito mais atenção nas aulas de português e literatura. Porém, quando aquela professora começava a contar histórias que não faziam parte do meu mundo, aliás, pelo que eu percebia, não fazia parte do mundo de ninguém ali, cada um se destraía com alguma coisa, e ela parecia nem estar ali.. Uns dormiam, outros copiavam outras matérias, outros 'autistavam', outros escreviam cartinhas ou bilhetinhos, outros faziam penteados no cabelo da amiga e assim era a aula de literatura pra mim. Ouvir uma voz pausada e baixa dizendo coisas que nada significavam na minha vida. Foi aí que, em uma das aulas da tarde, nos deparamos com um novo professor de português/literatura. Alto, magro, cabelos longos.. um tanto quanto esquisito, mas que despertou em mim o ânimo pela sua aula. Trouxe-nos textos maravilhosos e soube interpretá-los e transmití-los de maneira tão doce que, em um deles, cheguei a chorar ao final da leitura. E não só eu. Depois disso pensei: será que a literatura pode realmente ser não só um bando de coisas sem sentido? E foi esse mesmo esquisito, de nome Julião, que mostrou-me que a literatura podia sim parecer um bando de coisas sem sentido, mas só parecer. Escritores como Guimarães Rosa e Clarice Lispector brincavam e embaralhavam tão bem as palavras que deixavam o verdadeiro sentido subentendido nelas, de tal modo que cada um que lê, consegue ter sua própria visão e tirar uma moral da história. Agora, sinto falta de ler Clarice. E agora também, consigo entender porque ele tinha tamanha admiração por ela. Ah, Julião! Ah, Clarice!

Thay.

7 comentários:

Unknown disse...

Se pensarmos que esquisito significa estranho, eu poderia ficar chateado e dizer que esquisito é o mundo e não eu. Ou que eu e ele nos estranhamos às vezes. Pensando bem, tudo fora da gente é estranho.
Porém, segundo o dicionário, esquisito é o mesmo que excêntrico - e aí fiquei muito feliz. Ex (=fora) cêntrico (do centro). O centro é o dentro, o encolhido, o apavorado. O centro é o eixo, não tem movimento, é duro, áspero, ruim de dança, sem magia, sem sensualidade. O incêntrico é o q fica tonto dando voltas em torno do umbigo, de suas convicções baratas e das construções solidificadas. Eu não quero o centro. Quero exteriorizar, expressar, explodir. Excentrificar. Esquisitar.
No dicionário ainda consta que esquisito significa "que não é vulgar", "precioso", "excelente". Aí já é muito pra mim. Tenho minhas vulgaridades, sou tão comum às vezes, tão simples, tão acessível.
E por fim, em italiano, schisito significa "gostoso"!!! E gostoso, como se sabe, significa cheio de gosto. Às vezes gosto doce, às vezes gosto áspero. Às vezes precioso, às vezes humano. Mas sempre querendo ir pra fora - ex ex ex ex ex ex.
Seja eu ou o mundo, acho q somos mesmo esquisitos. Estranhos e cheios de gostos. Como as palavras. Inclusive estas, que por agora, agradecem o reconhecimento.

Rafael Julião

anna disse...

que lindoooooooo! adoro ele, cara! =)

Tay (: disse...

aaaaaah , ele é MUITO BOM :D

Pedro Bargiona disse...

Literatura = Julião. Todas as outras relações são falsas. Ainda que 5 questões com ele demorem todo o tempo de aula não tem nada melhor =)

Em adição ao já dito eu coloco que acho que devemos suportar a ideia que eu propus ao Afonso: um Aulão de Literatura com o Julião!

Bom Blog, parabéns! Só precisa revisar os textos antes de postar pra corrigir uma ou outra besteirinha, no mais os textos estão ótimos!

Dicionário Particular disse...

Eu não sou profissional e isso pra mim é só uma brincadeira. Escrevo quanto tenho vontade, quando sinto necessidade de dividir certas coisas com outras pessoas ou quando eu acho que essas coisas não podem continuar dentro só de mim. Por isso que os textos saem com algumas besteirinas, é o nosso passa tempo, não nosso trabalho. Somos apenas 2 meninas que gostam de escrever, sendo apenas bobagem ou não, não é nenhuma obrigação. No mais, agradeço os comentários! (:

Unknown disse...

Thayná,
cada texto seu que eu leio eu fico mais surpreso com você. Até agora você tem demonstrado uma habilidade que eu juro que não botava minha mão no fogo por você. Hoje posso dizer que ponho. Está tudo perfeito, não melhora que estraga.
Beijos

Anônimo disse...

Nossa o Julião e m mt mt foda !
tipo asism quando eu vi aquele cara magrelo , com um cabelão enorme tomei um susto, ele me ensinou com suas maluquises o que é literatura , eu ODIAVA , mais aprendi a gostar pelo simples jeito dele se falar e se explicar , aprendi a AMAR Machado de Assis , Jorge Amado e a eterna Clarice Lispector , que me inspira mt !